Saramar Mendes
CREDO
Creio no abismo e no horizonte,
no calor dos olhos dos amantes
tomados de destemor da queda ou de voar.
Creio na inocência dos teus olhos
ensombrando-se da saudade sem jeito
desse amor distante do sol.
Creio na urgência de tuas mãos
pois tua melodia, meu todo ser pressente
e as cordas que tocarias interminavelmente.
Creio na falta de juízo
e em serenatas entrecortadas
nas madrugadas.
Creio nas palavras que desmaiam
antes de todo sussurradas
e nas misteriosas flores que se recolhem
ou bárbaras, como plumas,
abrem-se, ao mais leve rumor.
Eu creio, enfim, na linha lasciva do universo
e suas ondulações que, ao tempo justo,
em algum labirinto de versos,
ou rara cantiga de amigo,
há de abrir a íntima porta
do teu coração,
meu abrigo.
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