Perpétua Amorim




Inquietude

Quando aninha cá dentro
Uma saudade de não sei o que
Uma inquietude danada
Dessas de doer as entranhas
Misturando os sentimentos
Buscando uma estranha razão.

Mas quem disse que eu procuro razão?

Quero mesmo é divagar
Entre sonhos e pesadelos
Entre o real e o abstrato
Correr como corre o rio
Com sua língua desvairada
Lambendo pedras e ribanceiras
E sem culpa cuspir no mar.

Mas quem disse que eu procuro o mar?

Quero mesmo é pegar as estrelas
Olhar uma a uma na palma da mão
Fazer delas um banquete
Para o meu pobre andarilho
Que busca mais... Muito mais
Do que água e pão.

Mas quem disse que eu quero pão?

Quero mesmo é cavalgar por montanhas infindas
Atrás do meu ouro em potes
Que herdei de Ali Babá
Libertar-me da antiga túnica
E vestir meus sete véus
Engasgar-me com o que restou do vinho
E ser expulsa dos céus.

Mas quem disse que eu não quero os céus?




Comentários

  1. Sônia07:38:00

    Mas quem disse que eu não quero os céus? Ha...eu quero...

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  2. Sônia07:39:00

    Já ia esquecendo...linda imagem Léo!

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  3. darlene17:29:00

    Será que queremos o que ainda não temos?
    sua inspiração me comove Leo, mui lindo

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  4. Perpétua Amorim19:24:00

    Léo, fiquei muito feliz ao encontrar meu poema no seu bloq. Ficou linda a imagem que vc usou. Obrigada por divulgar o meu trabalho. Perpétua Amorim

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