Ainda sobre o amor.





No texto que escrevi aqui no blog sobre amor, creio não ter sido claro e legível como gostaria. Prova de que começo a patinar na escrita e na expressão. Não é fácil.

Escrevi a palavra amor entre aspas (") e isto - do que entendo de dubiedade -, deixa a entender que o amor, ao qual eu queria me referir, é algo equivocado, padronizado, imposto, implantado em nossas cabeças e conseqüentemente em nossas emoções. Não nego sua existência, mas sua interpretação.
Aliás, não é só o amor que tem seu rico significado deturpado pela cultura folclórica de nossas vidas. A religião e o cristianismo são exemplos claros de vilanias produzidas pela história da humanidade mesmo Cristo tendo sido crucificado por pecados como estes (suprema demonstração de amor).

Desde cedo a idéia que temos sobre este sentimento é específico a um relacionamento com uma pessoa com quem teremos experiências emocionais prazerosas e inefáveis. Um amor-acessório a serviço de nossos sonhos com o poder de nos fazer pessoas felizes e realizadas. Um amor individual que pavimenta o sonho principal de nossa vida: ter alguém como companhia, se possível, para sempre. Aí reside (a merreca) do sonho de quase todos nos.

Porque isto não funciona? Porque invariavelmente caímos nas frustrações e no desencanto de todo esse roteiro? Porque isto tem sido uma constante na vida de todos nós?

Well, se a resposta fosse algo que implicasse em conjecturas científicas e exigisse conhecimento acadêmico eu não me arriscaria a enfiar a mão nesta fogueira, acontece que a resposta é de uma simplicidade ridícula. As coisas são assim porque somos imaturos, inconseqüentes, irresponsáveis e voluntariosos em relação ao amor e a própria vida. Não se mede conseqüência quando se fala em amor. Nos inspiramos em contos, literatura, filmes, informações, folclore em que o amor só é autêntico se envolver paixões suicidas, aventuras sem preço, noites memoráveis de sexo e prazer. Acontece que isto nunca foi e nunca será suficiente para manter a chama de um relacionamento durante anos (ou alguns meses). Jamais. Mas achamos e juramos que sim.

O amor em sua plenitude é muito mais. Para vivenciá-lo temos que aceitar nossa própria humanidade, erros e passionalidades. Temos que exercitar virtudes da paciência e da sensibilidade. Temos, enfim, que aprendermos a perdoar, resignar-se e aceitar as pessoas como elas são. Infelizmente tais coisas jamais são consideradas numa troca comprometedora de olhares e muito menos em noites definitivas de amor "para sempre". Assim foi, é e continuará sendo. Tem coisas que jamais aprendemos porque não queremos aprendê-las. Mas ainda assim choramos de dor. [Léo Scartezzine]





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