Estado de Alma
Acabei de ver os jornais.
O mundo está um caos.
Disse outro dia que vivo o meu apocalipse.
Não falo do evento bíblico coletivo, esse é o MEU momento apocalíptico.
Estado d’alma.
Já não creio, ou melhor, tenho certeza de que não há mais alternativas ou saídas efetivas para um mundo melhor, ao contrário, me impressiona a velocidade com que estamos chegando ao "game over".
Não falo dos terremotos, enchentes e desastres (que já foram chamados de naturais), tampouco da lambança em que este planeta se transformou vítima da farra ambiciosa do capital - conseqüências previsíveis, eu diria.
O que me deixa estarrecido é a decadência do homem neste bicho pavoroso em que se transformou. Viramos um bando de cínicos.
Acabaram-se os relacionamentos afetivos, amorosos, diplomáticos. Ninguém se entende com ninguém e nem se faz questão.
Nossa vida é de uma vulgaridade constrangedora. Uma mediocridade risível.
Não há mais princípios de respeito, amor, gentileza, moderação ou bom senso. Somos animais predadores de tudo que nos rodeia. Devoramos a matéria, pessoas e sentimentos. Nos transformamos em animais dissimulados, falsos e perversos, basta que para isto as circunstâncias vá contra (ou a favor) de nossos interesses.
Passamos a admirar o bandido e a aprender com seus crimes. Banalizamos a corrupção e nos habituamos a ser capachos. Adoramos ficar de quatro.
Devoramos nossa própria alma na solidão das carências e no rancor dos enganados. Não temos fé e subvertemos a mensagem divina. Tornamos a possibilidade da esperança em algo suspeito.
Vivemos para ganhar dinheiro e comprar a "felicidade" efêmera e falsa dos bens materiais. Fizeram (e fazem) nossas cabeças. Tropeçamos nas frustrações e caímos no vazio. Passamos a viver de drogas químicas - legais e ilegais -, compensações virtuais, delírios de miseráveis, migalhas de alegrias.
Calamos Deus e em resposta fomos entregues por Ele ao nosso próprio destino, vícios, danações, taras e horrores. O mundo é um festim de desgraçados.
Mente-se o tempo todo e para todos. Engana-se sem o menor pudor ou receios.
A mentira vale à pena e para ela as sentenças estão à venda.
Tudo fede.
Estamos, literalmente, fudidos.
Sorry.
[Léo Scartezzine]
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