Cecilia Meireles
Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.
Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.
(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)
Foto: Kevin Pinardi
E o Senhor sabe que é verdade.
ResponderExcluirColoquei esse mesmo poema no face, mas aqui com essa imagem ficou muito melhor.
Eu disse Sonia, aquele raminho....rs
ResponderExcluirFicou excelente Leo, a Sonia tem afinidade impar com a poesia.